Crenças alimentares no aleitamento materno. Um estudo entre gestantes e nutrizes atendidas em uma maternidade pública no município de São Paulo

Conteúdo do artigo principal

Débora Rocha Oliveira
Priscila Rodrigues Gomes
Aparecida Midori Nozaki Bando
Sandra Regina Gonçalves

Resumo

Introdução: O leite materno é a melhor e mais adequada fonte de nutrientes, fatores de proteção e fortalecimento emocional para o lactente durante o seu primeiro ano de vida. A cultura, a crença e os tabus têm influenciado de forma crucial a prática do aleitamento materno, principalmente, quanto à alimentação da nutriz. Objetivo: Este trabalho teve por objetivo identificar as restrições alimentares às quais se submetem as puérperas, acreditando contribuir favoravelmente para a sua saúde e a do bebê. Método: Estudo realizado com 30 mães atendidas em uma maternidade pública no município de São Paulo. Aplicou-se um questionário com perguntas abertas para avaliação das atitudes e práticas em amamentação, especialmente relacionadas à restrição alimentar materna. Resultados: Os dados encontrados neste estudo apontaram para a existência de tabus e crenças com relação à alimentação durante a lactação. Os alimentos mais citados como restritos foram: refrigerantes (43%), alimentos gordurosos (37%), bebidas alcoólicas (27%), seguidos de chocolate (20%), pimenta (20%) e café (17%). O principal motivo alegado para que tais alimentos não fossem consumidos foi a possibilidade de causar cólicas na criança. Por outro lado, os alimentos citados como benéficos para a lactação foram frutas, verduras e legumes (43%) e leite e derivados (43%). Conclusões: Não foram identificadas restrições alimentares preocupantes ligadas às crenças das entrevistadas, porém reforça-se aqui a necessidade de orientações adequadas às lactantes dentro de um sólido e eficiente programa de educação nutricional, afastando os fatores que possam colaborar com o desmame precoce.

Detalhes do artigo

Seção
Artigos Originais

Referências

Santos-Torres MI, Vásquez-Garibay E. Food Taboos among Nursing Mothers of Mexico. J Health Popul Nutr. 2003;21(2):142-9.

Organização Mundial da Saúde (OMS) Lactação. In: Organização Mundial da Saúde (OMS) Alimentação infantil bases fisiológica. São Paulo (SP): IBFAN Brasil e Instituto de Saúde, OMS, OPAS e UNICEF Brasil; 1994. p. 17-35.

Ichisato SMT, Shimo AKK. Aleitamento Materno e as Crenças Alimentares. Rev Latino-am Enfermagem 2001;9(5):70-6.

Del Ciampo LA, Junqueira MJG, Ricco RG, Daneluzzi JC, Ferraz IS, Martinelli Júnior CE. Tendência Secular do Aleitamento Materno em uma Unidade de Atenção Primária à Saúde Materno-Infantil em Ribeirão Preto, São Paulo. Rev Bras Saúde Matern Infant Recife 2006;6(4):391-6.

Del Ciampo LA, Ricco RG, Ferraz IS, Daneluzzi JC, Martinelli Júnior CE. Aleitamento materno e tabus alimentares. Rev Paul Pediatr. 2008;26(4):345-9.

Gouveia C. Órfão A. Problemas comuns da amamentação. Rev Port Clin Geral. 2009;25:370-5.

Associação Brasileira de Empresas e Pesquisas: o novo critério padrão de classificação econômica Brasil. Disponível em: <http://www.abep.org/codigosguias/Criterio_Brasil_2008.pdf>. Acesso em: out. 2009.

Merten S, Dratva J, Ackermann-Liebrich U. Do Baby-Friendly Hospitals Influence Breastfeeding Duration on a National Level? Pediatrics. 2005;116:e702-8. http://dx.doi.org/10.1542/peds.2005-0537

Vaucher ALI, Durman S. Amamentação: crenças e mitos. Rev Eletrônica de Enfermagem. 2005;2(7):207-14.

Ramalho RA, Saunders C. O papel da educação nutricional no combate às carências nutricionais. Rev Nutr Campinas. 2000;13(1):11-6.

Trigo M, Roncada MJ, Stewien GTM, Pereira IMTB. Tabus Alimentares em Região do Norte do Brasil. Rev Saúde Públ. 1989;23(6):455-64. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89101989000600003

Kachani AT, Okuda LS, Barbosa ALR, Brasiliano S, Hochgraf PB. Aleitamento materno: quanto o álcool pode influenciar na saúde do bebê? Pediatria São Paulo. 2008;30(4):249-56.

Silva MGSN. Dieta Alimentar de mulheres grávidas e paridas em áreas ribeirinhas da Amazônia. In: Simpósio Temático Gênero, Cultura e Desenvolvimento: Um Debate na Amazônia. UFSC - Florianópolis 2008. Disponível em: <http://www.fazendogenero.ufsc.br/8/sts/ST49/Maria_das_Gracas_Nascimento_Silva_49.pdf>. Acesso em out. de 2009.

Lopes RE, Ramos KS, Bressani CC, Arruda IK, Souza AI. Prevalência de anemia e hipovitaminose A em puérperas do Centro de Atenção à Mulher do Instituto Materno Infantil Prof. Fernando Figueira, IMIP: um estudo piloto. Rev Bras Saúde Matern Infant Recife. 2006;6(Supl 1):S63-8.

World Health Organization (WHO). Iron deficiency anaemia: assessment, prevention, and control: a guide for program managers. Geneve: WHO; 2001.

Ichisato SMT, Shimo AKK. Vivência da amamentação: lactogogos e rede de suporte. Ciência, Cuidado e Saúde. 2006;3(5):355-62.

Rocha DS, Netto MP, Priore SE, Lima NMM, Rosado LEFPL, Franceschini SCC. Estado nutricional e anemia ferropriva em gestantes: relação com o peso da criança ao nascer. Rev Nutr Campinas. 2005;18(4):481-9.

Barros DC, Pereira RA, Gama SGN, Leal MC. O consumo alimentar de gestantes adolescentes no município do Rio de Janeiro. Cad Saúde Pública 2004;20(Supl 1):S121-9.